Acordei hoje com um sonho estranho no qual estava em uma espécie de competição olímpica e chegamos ao local como um time e nos conduziram aos dormitórios. Estava em um grande quarto, com muitas camas, muitos próximas e me colocam em uma cama maior como de casal, por necessidade física, ao meu lado a cama de um querido amigo, e nesta confusa busca do acomodar-me eu desperto!
Abro meu celular e a primeira imagem são fotos, postadas em um dos aplicativos virtuais, de uma colega professora cujo nome conjuga luz e mar em sobrenome que eleva a beleza. Nos conhecemos em um congresso de arte na cidade de Belo Horizonte, em uma visão que nos reconhecemos pelo estranho belo que vestíamos, eu andando, ainda, na época, caminhava sem auxilio das bengalas, em avenida em direção ao edifício onde ocorriam as palestras. Surgem três meninas, como gosto de chamar a todas e todos que reconheço. Saiam em um hotel, o qual, depois fui descobrir, era o oficial indicado aos interessados em participar do tal encontro, mas optei por um em umas quadras distante com o valor da estadia muito mais barato.
Voltando ao despertar... abro tais imagens que são trabalhos que ela vem desenvolvendo com bolhas de sabão, trabalhos que já havia visto durante a pandemia que estivemos trancados em casa. Vendo suas postagens ela lançava tais bolhas desde sua janela do a.p. Encontrei a ideia divertida, ela denominava a ação de assepsia, estávamos na época reclusos pelo risco de contato com o vírus da Covid - 19.
Penso em arte e o que venho observando pelos caminhos que sigo na busca. Confesso que sempre desconfio de trabalhos ditos 'conceituais', e minha dificuldade de entender Marcel Duchamp, agora passados anos consigo admirar sua proposta, mas como um dos pioneiros em tal arte, fica o respeito diante de sua genialidade. O que observo hoje existe uma febre diante de possíveis conceitos e muitos se não seria melhor dizer uma grande parte dos artistas atuais lançando suas 'baboseiras' herméticas e muitos admirando e chamando de arte!
No caso de minha colega supracitada com suas bolhas, nas fotos de hoje ela nos mostra vários dispositivos construídos de forma rude com garrafas, linhas, etc, etc... em (re)uso. Utilizo palavra definindo seus materiais por se tratar de área de minhas pesquisas e quando despertei e vi em suas fotos, amigos e convidados seus utilizando tais objetos e soprando bolhas pela rua, admito uma conexão emotiva e afirmo que entendo a empatia que senti ao conhecê-la diante de um Belo Horizonte... agora vendo sopros de ar, o elemento no qual tod@s somos iguais, pois sem ele nenhum de nós existe, ar (re)lançado pelo sopro saindo de um usuário de suas engenhocas, que voltam ao seu meio envoltos em bolhas de sabão marcando uma individualidade, assim como Duchamp envasou pequenas garrafas e rotulou dizendo conter o ar de Paris, esta colega brilhantemente utiliza de tal ação e recruta outros e na união da festa lançam bolhas de sabão que buscam voos dialogando com nossa individualidade! Realmente emocionante a ação!
Arte que saudades das minhas aulas, já levo cinco anos que fui demitido! Sigo estudando e vou prestar mais concursos, pois agora como doutor, gostaria estar em uma federal para poder concentrar pesquisas e diálogos possíveis na educação. Sei que o momento não está propicio, mas sou destes que diante do Não, sempre busco um sim! Tenho escutado muito entre os amigos que lograram entrar para uma federal e mesmo entre os professores que recém pude reencontrar em meus estudos desenvolvendo minha pesquisa de doutorado, queixas diversas alertando diante das crises que também afetam a educação em nosso pais.
Aponto uma reflexão que utilizo em minha tese e anexo ao final dois desenhos sobre meu estado de dificuldade para caminhar, em tratamento de artrose bilateral de quadril, que dificulta minha circulação afetando o plexo básico, aquele que nos lança diante da vida! Devo caminhar mais lentamente no devagar que também se pode ter pressa e como aquele que traz o muito feio, segundo aporta Julio Cezar Melatti, em seu livro Índios do Brasil, Edusp, 2014, sobre o desenho da capa:
"A figura da capa é um desenho de um índio meinaco, do alto Xingu, colhido pela etnóloga Maria Heloisa Fénelon Costa. Trata-se de um desenho sobre papel, realizado com guache e pincel. Representa um ser sobrenatural que os índios meinacos chamam de Njamalü e que os camiaurás, da mesma região, denominam Añanü.[...] Os índios, que não o temem muito, consideram-no como culturalmente inferior, uma criatura primitiva que não tem armas nem muitos adornos. Um dos termos pelos quais ele é chamado significa "aquele que é muito feio"."
Quando desenvolvia minha tese e estava trabalhando em minha performance que denomino 'Sonho Meu'. Utilizei esta em minha defesa, e quando desenvolvia o personagem de abertura após estar trabalhando com as bengalas, buscava uma forma de uni-las ao personagem, faço modelagem em durex dos braços e da cabeça de meu sobrinho pois ele é bem mais alto que eu e surge a mascara e as mãos que tocam o chão...
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