Sabíamos que estaríamos participando
ao lado de queridos mestres como Dante Veloni, Milton Esteves e Luis Carlos de
Laurentiz uma oportunidade na qual pude contar com a colaboração da artista
gráfica Keila Scott a qual podemos estruturar não somente a impressão sublimação
em tecido e também nos auxiliou durante a montagem de toda exposição.
Assim uma parada para refletir o
Território ou Entre – Territórios.
O uso reaparece em acentuado conflito
com a troca no espaço, pois ele implica apropriação e não propriedade. Ora, a
própria apropriação implica tempo e tempos, um ritmo ou ritmos, símbolos e uma
prática. Tanto mais o espaço é funcionalizado, tanto mais ele é dominado pelos
“agentes” que o manipulam tornando-o unifuncional, menos ele se presta à
apropriação. Por quê? Porque ele se coloca fora do tempo vivido, aquele dos
usuários, tempo diverso e complexo. (Lefebvre, 1986:411-412)
Nesta reflexão proposta por Lefebvre
dois conceitos muito intrincados ao território o da apropriação e a não
propriedade. Um conceito bastante complexo, mas fantástico para aprofundarmos
uma série de ideias que podemos tocar nestes trabalhos.
Posso pensar em uma série de diálogos
e conceitos surgidos nos próprios trabalhos desta exposição. Como mais
significativo e aqui por ser um dos territórios que busco, o do efêmero.
Debruçando sobre meu próprio trabalho marco três momentos definitivos em sua
estrutura:
- A própria trilogia como base sólida para um equilíbrio, não somente como símbolo, mas também como real; em uma cadeira de três pés que se mantém mais estável e de uma maneira mais rápida. Assim utilizo o traje (o mesmo com o qual fiz a performance de inauguração durante a Bienal de Cetinje) o corpo impresso em tecido transparente e sem cabeça (imagem retirada de um dos desfiles com os trajes intitulados elementos, na foto traje 'terra' adaptados um colar a partir de suporte de balas de metralhadora, realizado durante o atelier da Bienal e uma flor cartucho de bala). Tecido dividindo o lugar em duas leituras; uma com vídeo com fotos que me apropriei, uma vez que me utilizei de imagens no original feitas por Consuelo Bautista e das quais para 'facilitarmos' sua utilização ou mesmo exercitando uma provocação do que é propriedade (nas quais fiz algumas intervenções enquanto tratamento) do nosso trabalho realizado para a III Bienal de Cetinje em Montenegro, antiga Yuguslavia, 1998 em catálogo produzido pela Associação Drapart em 2002 para a IV Bienal de Cetinje em 2002;
- Um vídeo com imagens tratadas como enferrujadas pelo local aonde a maioria foram tiradas (na siderúrgica de Zelijezara, Montenegro) usei o ferrugem para permear uma imagem que ficou forte sabor no conceito trazido de Território (apropriação e não propriedade) aqui em todas as direções que surgiram (materiais, posse, permissão, vivencia e experiência). O interesse da curadoria nesta exposição pela experiência que vivi durante a guerra da 'antiga' Yuguslavia. 'Entre Territórios' por se tratar de tema ainda coberto de muito do nosso contemporâneo, guardamos suas devidas especificidades, em que os países ao redor do mundo se debatem e lutam por eles, e por que não, até nas favelas aqui em nosso Brasil, ou ainda em países como a Síria, a Africa os árabes e mesmo os europeus com os movimentos destes e vários outros estrangeiros.
- Um vídeo intercalando duas imagens reais de meu corpo: a boca, que narra a história registrada em referido catálogo, fazendo leituras dos textos ali colocados e nos olhos, com o outro registro de memórias, vivências, narrativas do que foram os momentos passados em torno da Bienal e claro cheios de marcas presentes pela distância e um (re)aproximar para (re)uso destas histórias.
Territórios que defino e busquei deixar nesta instalação como uma proposta sobre estar ENTRE – TERRITÓRIOS e as
possibilidades em suas dimensões.
Gostaria de agradecer uma vez
mais a Universidade Federal de Uberlândia a qual vem abrindo em muitas ocasiões
espaços para refletirmos nosso trabalho, aos alunos e colegas que participaram
nesta coletiva e ao Prof. Dr. Adriano Tomitão Canas, o Prof. Dr. Luis Carlos de Laurentiz, a arquiteta Keila Scott e aos alunos e funcionários que nos auxiliaram na montagem desta exposição.
Na sequência coloco algumas imagens gerais da exposição coletiva ENTRE - TERRITÓRIOS - Uberlândia, outubro de 2015.
Na sequência coloco algumas imagens gerais da exposição coletiva ENTRE - TERRITÓRIOS - Uberlândia, outubro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário