"...o problema é fundamental político-econômico, a tarefa do 'atuante' no campo do 'desenho' é, apesar de tudo, fundamental...A liberdade do artista foi sempre 'individual', mas a verdadeira liberdade só pode ser coletiva. Uma liberdade ciente da responsabilidade social, que derrube as fronteiras da estética, campo de concentração da civilização ocidental, uma liberdade ligada às limitações e às grandes conquistas da Prática Científica (Pratica Cientifica, não tecnologia decaída em tecnocracia). Ao suicídio romântico do 'não planejamento', reação ao fracasso tecnocrático, é urgente contrapor a grande tarefa do Planejamento Ambiental, desde o urbanismo e a arquitetura e as manifestações culturais. Uma reintegração, uma unificação simplificada dos fatores componentes da cultura."
Bardi, Lina Bo, "Tempos de Grossura: o design do impasse"
Em um programa que constou da participação de profissionais diversificados e das principais representações, os quais nos trouxeram uma discussão ampla de problemas e questões que ao final surge a necessidade da busca de formar uma equipe que atue em uma perspectiva de construção de diretrizes para trabalharmos com propostas que possam enriquecer toda esta área de atuação que tem crescido cada vez mais em nosso país.
Proponho evocar, como no trecho colocado acima, a Lina Bo Bardi em brilhante trabalho que iniciou em suas pesquisas destes objetos, na exposição Civilização do Nordeste desde a inauguração em 1963, no Solar do Unhão seguir neste caminho que não é novo e no qual podemos citar desde os princípios da revolução industrial com Willian Morris que se punha hostil as ideias do capitalismo que favorece mais a produtividade que a qualidade estética, e assim em uma mistura de idéias que consiga esta 'unificação simplificada' e que se valorizada em todos os seus diversos matizes e liberdades expressivas emergirão assim seus ricos componentes de nossa rica cultura brasileira.
Levanto aqui também a proposta de repensarmos sua definição, em uma utilização muito ampla do sentido da palavra Artesanato, no qual concordo com Lina Bo Bardi, que se pensamos na etimologia da palavra ela não existe no Brasil, no que foi sua origem nas Corporações desde a Grécia antiga até seu auge na idade média, o que temos aqui no Brasil é um pré-artesanato e melhor ainda bons artistas populares, que sim fazem seus ARTE-FATOS ricas formas expressivas e de excelente qualidade assim quem sabe surgirá o Desenho do Arte-fato feito nos moldes de uma civilização em seu aspecto prático da cultura.
Este não seria um caminho que vamos trilhando de maneira constante com diversos profissionais que ainda não foram reconhecidos e que já levam anos na tão falada sustentabilidade?
Creio e lembro da grande necessidade de educação, informação de qualidade, abrirmos esse dialogo para toda nossa sociedade e trazer assim a consciência em todos os nossos passos para um futuro possível a todos.
Termino agradecendo a todos os que estavam presentes neste que foi um encontro que espero possamos seguir construindo e mobilizando a muitos que seguro farão parte desta discussão, para realizarmos muito mais.
Obrigado!
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